sábado, 11 de dezembro de 2010

A COROA DE ADVENTO


No ano de 1755 um grupo de pioneiros da Pensilvânia, Estados Unidos, estava sendo cercado por várias tribos de índios. Os pioneiros decidiram se reunir numa pequena vila. De dia podiam ver os índios ajuntando-se de várias direções. E à noite podiam observar os sinais de fogo, ouvir os gritos de guerra e as batidas dos tambores. A situação era desesperadora.
Então veio o Natal. Cedo de manhã, homens, mulheres e crianças se reuniram na vila e começaram a cantar hinos de Natal. Ao terminar de cantar, olharam e, para a sua surpresa, viram que os índios estavam se dispersando, embrenhando-se nas matas.
Mais tarde, ao se tornarem amigos dos índios, estes explicaram porque fizeram isso. Enquanto os chefes estavam reunidos em conselho de guerra, os ventos traziam aos seus ouvidos o som doce e alegre dos cânticos de Natal. A música espantara a hostilidade dos seus corações. Foi assim que aqueles pioneiros da Pensilvânia foram salvos do massacre. Aquele Natal foi especialmente alegre e significativo para eles.
Este Natal pode ser significativo e alegre também para você, independentemente da situação em que você se encontrar, se você cantar com sinceridade os hinos de Natal e crer na mensagem que os anjos anunciaram aos pastores das campinas de Belém: “Não temais: eis aqui vos trago boa nova de grande alegria, que o será para todo o povo. É que hoje vos nasceu na cidade de Davi o Salvador, que é Cristo o Senhor”.
Advento é tempo de alegria. A razão dessa alegria é Cristo. Pois Advento significa vinda, chegada.
Os quatro domingos de Advento lembram os quatro mil anos, nos quais o povo de Deus esperou pelo nascimento do Salvador Jesus.
A primeira promessa da vinda de um Salvador foi dada por Deus a Adão e Eva, logo após a queda deles em pecado. A promessa foi repetida muitas vezes aos patriarcas e profetas.
Desde Adão e Eva, muitos fiéis esperaram ansiosamente pelo cumprimento desta promessa de Deus, até que finalmente, “o tempo se cumpriu”, e o Salvador Jesus nasceu em Belém da Judéia.
Hoje, olhamos para trás e observamos como o povo de Deus do passado aguardava a vinda de Jesus. Eles meditavam nas misteriosas profecias, buscando nelas consolo, orientação e forças para a vida.
Deles queremos aprender a confiar na Palavra de Deus, a lutar e esperar, pois também nós vivemos em tempo de espera. Esperamos a segunda vinda de Cristo.
Em breve Jesus voltará, não mais humilde, mas em poder e glória, com todos os santos anjos, para julgar vivos e mortos. Então ele criará novo céu e nova terra, para habitar com os fiéis eternamente.
No tempo de Advento, muitas igrejas estão enfeitadas com a coroa de Advento. Este símbolo ainda não tem muita história na igreja cristã. Ele se firmou como símbolo de Advento na Europa, após a primeira guerra mundial. Mas, sua simbologia é muito significativa. Vejamos.
A coroa. A coroa simboliza vitória e poder. Coroas são usadas para festejar vitórias. Soldados e atletas vencedores são homenageados com coroas. Os cristãos passaram a usar coroas também em seus atos fúnebres, para declarar: “Nossos irmãos falecidos são vencedores, pela graça de Cristo. As coroas expressam a esperança e certeza da ressurreição”.
A coroa de Advento quer anunciar a vitória de Cristo sobre o pecado, a morte e Satanás. Seus ramos verdes falam da nova esperança, da vida e da alegria que aguarda os fiéis na eternidade, pois cremos na “remissão dos pecados, na ressurreição da carne e na vida eterna”.
A coroa de Advento tem o formato de um anel, que lembra a aliança de amor. Uma aliança que envolve os que nela participam.
A coroa de Advento fala do amor de Deus em Cristo, da nova aliança de amor com aqueles que nele crêem. Este amor penetra os corações e concede vida nova.
Pela fé em Cristo somos novas criaturas. Isto se revela no dia a dia e perpassa a vida familiar, profissional, social, nossas alegrias e tristezas, a tal ponto que também a coroa de espinhos, que Jesus carregou e pela qual santificou nossos sofrimentos. Sabemos “que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que temem e amam a Deus”.
As velas. A coroa de Advento é enfeitada com quatro velas e alguns colocam uma vela no centro da coroa.
As quatro velas lembram os quatro mil anos em que o povo de Deus esperou pelo nascimento do Salvador Jesus.
Cada vela quer simbolizar e anunciar um conteúdo bem específico. Jesus a luz do mundo: que veio para libertar, trazer a paz e voltará para julgar vivos e mortos. Ele enche nossa alma de alegria, paz e esperança.
A primeira vela. A primeira vela, acesa no primeiro domingo de Advento, anuncia que Jesus é a luz do mundo.
O mundo jaz nas trevas do pecado. Cristo, porém, veio nos libertar do pecado e trazer luz aos nossos corações. Diz o evangelista Mateus, referindo-se a Jesus: “O povo que andava em trevas viu uma grande luz, e aos que viviam na região da sombra da morte resplandeceu-lhes a luz”.
A segunda vela. A segunda vela, acesa no segundo domingo de Advento, lembra a grande libertação que Jesus trouxe.
Jesus veio para libertar. Esta libertação é a libertação de nossos verdadeiros inimigos. O inimigo número um é o pecado. O inimigo número dois é a morte. O terceiro inimigo é Satanás. Diz a palavra de Deus: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres”.
A terceira vela. A terceira vela, acesa no terceiro domingo de Advento, lembra que Jesus veio como príncipe da paz.
Sim, Jesus é o Príncipe da Paz. Ele nos reconciliou com Deus. Nele temos perdão dos pecados, e pelo perdão, paz com Deus. Jesus disse: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”.
A quarta vela. A quarta vela, acesa no quarto domingo de Natal, anuncia a grande alegria natalina, de que Jesus é Rei dos reis.
Na primeira vinda, Jesus veio humilde. Ele se humilhou profundamente. Nasceu pobre numa estrebaria em Belém, foi desprezado e morto pelos homens.
Em breve Jesus voltará. Não mais em humilhação, mas em grande glória e majestade, com todos os seus santos anjos, para julgar vivos e mortos.
A vela de Natal. Após o quarto domingo de Advento, vem o dia 25 de dezembro, que é Natal. A vela do meio é acesa. Ela simboliza o nascimento de Jesus, o Príncipe da Paz. O profeta Isaías profetizou a respeito do Natal: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”.
Por isso os anjos anunciaram aos pastores nos campos de Belém: “Não temais: eis aqui vos trago boa nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo o Senhor”.
Eis a mensagem da coroa de Advento: Cristo é Rei dos reis. Ele venceu nossos inimigos: o pecado, a morte e Satanás. E, todo o que confia na palavra de Deus, tem o que estas palavras lhe oferecem: remissão dos pecados, vida e salvação.
Em breve Jesus voltará para julgar os vivos e os mortos e receber os seus fiéis no reino da glória, no novo céu e na nova terra.
Que esta mensagem fique gravada no fundo do nosso coração e nos firme na esperança da vinda de Cristo para o grande e derradeiro dia de sua vinda em glória. Por isso a Bíblia termina com a mensagem de Advento: “Certamente venho sem demora. Conserva o que tens para que ninguém tome a tua coroa”.  E a igreja toda responde: “Amém. Vem, Senhor Jesus”. Amém.

Lindolfo Pieper
Jaru, RO – Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil

NO NATAL DEUS VEIO MORAR ENTRE NÓS


Havia certa vez um rei muito caridoso. Ele procurava governar o seu país da melhor maneira possível. Porém, apesar de todos os seus esforços, ele não conseguia agradar o povo. Havia muita reclamação entre os seus súditos.
Ele, então, procurou conselho junto aos sábios da corte para saber o que fazer para conseguir agradar o povo. Os sábios se reuniram e chegaram à conclusão que, para o rei entender os anseios do povo e fazer um governo que os agradasse, só haveria uma maneira: ele tinha que descer do trono, se juntar ao povo e se tornar igual a eles.
O rei fez conforme lhe aconselharam. Ele saiu do palácio, se vestiu como um colono e foi morar entre o povo. Ele começou a sentir o que o povo sentia e ouvir as reclamações que o povo tinha a fazer. Ele viu que o que povo queria não era grandes obras, mas sim, estrada, saúde, educação e segurança.  Segundo a lenda, depois de um ano, ele voltou novamente ao palácio e fez um grande governo.
Foi isso que Deus fez na pessoa de Jesus por ocasião do primeiro Natal. Ele assumiu a identidade humana. Ele renunciou ao trono da glória para conquistar o coração dos seres humanos. Diz o apóstolo Paulo na carta aos Filipenses: "Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homem; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz" (Filipenses 2.5-8).
E o autor da carta aos Hebreus escreve, dizendo: "Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se de nossas fraquezas; antes, ele [Jesus] foi tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Aproximemo-nos, portanto, confiantemente junto ao trono da graça a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna" (Hebreus 4.15-16).
No Natal nós nos lembramos da humanação de Jesus, quando o Verbo se fez carne e habitou entre nós. Nesse dia o rei Jesus deixou o trono da glória para se fazer um ser humano como qualquer um de nós, a fim de cumprir a lei em nosso lugar, evangelizar os povos e morrer pelos seres humanos.
Durante o tempo em que Jesus esteve aqui na terra ele, embora fosse o Emanuel, o Deus encarnado, ele se comportou como um simples ser humano, mostrando a sua divindade apenas algumas vezes quando realizava os seus milagres e fazia os seus discursos.
Se nós formos olhar para a vida de Jesus, parece que tudo deu errado. Primeiro, ele nasceu numa estrebaria, num curral de gado. Era de se esperar que Jesus nascesse num palácio. Afinal, ele era o Filho de Deus, o Rei dos reis e o Senhor dos senhores. Foi por isso que os magos do oriente, quando vieram adorar o Menino Jesus, o procuraram no palácio do rei Herodes em Jerusalém. Mas lá não havia ninguém. O rei Herodes nem sabia do seu nascimento, nem tampouco o povo de Jerusalém.
Depois, no seu ministério, ele foi rejeitado e desprezado. Ele não foi bem aceito pelos homens. Diz o apóstolo João: "Ele veio para os seus, mas os seus não o receberam" (João 1.11).
Às vezes ele não tinha nem lugar para dormir, para descansar o corpo. Por isso, num certo lugar dos Evangelhos, ele reclama, dizendo: "As raposas têm os seus covis, as aves dos céus ninhos, mas o Filho do homem não tem nem onde reclinar a sua cabeça" (Mateus 8.20).
E, finalmente, no fim de sua vida, ele foi humilhado, desprezado e colocado numa cruz, como um criminoso, como um marginal, como um bandido. Parecia que ele estava sozinho, que até o próprio Deus o havia abandonado. Por isso, como que desesperado, ele clama no alto da cruz: "Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?" (Mateus 27.46).
Mas Deus não o havia desamparado. Tudo o que estava acontecendo com ele estava nos planos de Deus: desde o seu humilde nascimento, até a sua morte na cruz. Isso tudo havia sido predito pelos profetas. Esse era o plano de Deus para salvar o mundo. O profeta Isaías, por exemplo, depois de descrever em minúcias o seu sofrimento e morte no capítulo 53 do seu livro, conclui dizendo: "Quando ele [Jesus] olhou para trás e viu o fruto do seu trabalho, ficou satisfeito".
Jesus, segundo o plano de Deus, veio na plenitude dos tempos. Ele nasceu na cidade de Belém, segundo o plano de Deus. Viveu na Judéia e morreu em Jerusalém, tudo segundo o plano de Deus. E, segundo o plano de Deus, Jesus um dia voltará. Isso vai acontecer quando o Evangelho for pregado em todo mundo. Então virá o fim.
Ele não virá mais como um bebê indefeso, mas em glória e majestade. Virá para julgar os vivos e os mortos, quando "ao nome de Jesus se dobrará todo o joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai" (Filipenses 2.10,11).
Estamos esperando, portanto, a sua vinda em glória, para julgar os vivos e os mortos, para levar junto consigo os que nele crêem e se prepararam para a sua vinda.
O mundanismo hoje está tomando conta do mundo. Muitas pessoas, em vez de se preparar para celebrar o Natal de Jesus, estão se preocupando com as coisas externas, que nada tem a ver com o nascimento de Jesus. Enfeitam a casa, mas não adornam o seu coração. Compram presentes para os seus filhos, mas não reconhecem em Jesus um presente de Deus. Chamam um velhinho inexistente de Papai Noel, quando o nosso verdadeiro Pai é Deus.
O comércio tem se aproveitando desse dia para aumentar os seus lucros através de grandes vendas, fazendo com que muitas pessoas gastem mais do que podem. Depois elas ficam quase o ano todo pagando prestações.
Precisamos novamente recuperar o verdadeiro sentido do Natal. Precisamos de nos conscientizar o que é realmente importante no Natal e o que é secundário. Do contrário, podemos ser surpreendidos como o povo de Israel, que se esqueceu de tal modo do Messias Prometido que, em vez de recebê-lo como um rei, o receberam como um mendigo, deixando-o nascer numa estrebaria, num curral de gado.
Quando Cristo veio pela primeira vez, ele pôde ser desprezado e morto. Mas quando ele vier na segunda vez, em majestade e glória, quem o desprezar, será condenado ao fogo do inferno. E, para que isso não aconteça, Deus envia mensageiros, à semelhança de João Batista, a fim de que preparem o nosso coração mediante a pregação do evangelho, dizendo: "Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus" (Mateus 3.2).
É necessário que nos arrependamos dos nossos pecados para que entre o Rei da Glória, conforme o Salmo 24. Apenas quem tem o seu coração purificado mediante o sangue de Cristo derramado na cruz é que pode receber com dignidade o Rei Jesus vindo em glória.
O povo de Jerusalém, ao ver Jesus entrando na cidade, estendeu as suas vestes e ramos de árvores pelo caminho por onde ele passava, dizendo: "Hosana, ao filho de Davi, bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas!" (Mateus 21.9).
Na Santa Ceia, quando lembramos a morte de Jesus e nos preparamos para o seu retorno, nós cantamos: "É verdadeiramente digno, justo e do nosso dever, que em todos os tempos e em todos os lugares te demos graças, ó Senhor, santo Pai, onipotente, eterno Deus. Mediante Jesus Cristo, nosso Senhor. Portanto, com os anjos e arcanjos e com toda a companhia celeste louvamos e magnificamos o teu glorioso nome, exaltando-te sempre, dizendo: Santo, santo, santo é o Senhor Deus dos Exércitos. Os céus e a terra estão cheios de sua glória. Hosana, hosana, hosana nas alturas! Bendito, bendito, bendito aquele que vem em nome do Senhor. Hosana, hosana, hosana nas alturas!" (Hinário Luterano, página 39).
O livro de Apocalipse é o que mais fala do retorno de Cristo. Por isso, o saudoso professor Dr. Johannes H. Rottmann intitulou o livro que escreveu sobre o Apocalipse de "Vem, Senhor Jesus". Pois no capítulo 5 de Apocalipse encontramos o conhecido Cântico do Cordeiro, onde toda criatura, no céu e na terra, exalta a Cristo dizendo: "Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor". E o apóstolo João conclui, dizendo: "Então ouvi toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da terra e sobre o mar, e tudo o que neles há, estava dizendo: Aquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, será o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos" (Apocalipse 5.12,13).
Por isso, neste Natal, como em todos os dias da nossa vida, preparemos o nosso coração, orando como o poeta sacro: "Enche os nossos corações com o teu real poder. De pecados e tentações, vem, Jesus, nos defender. Pois nós somos tua grei. Glória, glória a ti, ó Rei!" (Hinário Luterano 124.1).
E então, um dia na eternidade, podemos cantar junto com o grande coro dos anjos: "Glória a Deus nas maiores alturas e paz (...) entre os homens, a quem ele quer bem".

Lindolfo Pieper
Jaru, RO – Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil