segunda-feira, 7 de março de 2011

COMO VENCER A TENTAÇÃO


Um pai caminhava à noite com o seu filho numa das ruas de Paris. E eis que passaram por um lugar muito iluminado e atraente. Uma música suave saía pelas janelas abertas de um prédio. “Que é isso, pai?”, perguntou o filho. O pai respondeu: “Meu filho, isso é o inferno”.
O menino ficou surpreso. “Inferno? Inferno com todo este brilho, esplendor e encanto?”  Pensava que o inferno fosse feio e que na entrada não houvesse uma fachada vistosa, mas sim uma explosão de fogo e enxofre. Ouvira dizer que no inferno há choro e ranger de dentes. Mas ali havia música agradável e o cheiro apetitoso de perfume. Tudo aquilo era tão bonito. E o pai dizia que aquilo era o inferno.
E no letreiro desta boate ou inferninho se lia: “Entrada Franca”. A entrada era franca, mas a saída custava caro: caráter estragado, vida arruinada, consciência queimada e a alma atolada na lama do pecado.
Satanás sempre está disfarçado, mascarado e fingido. Ele nunca chega perto de uma pessoa, dizendo: “Olha, aqui estou eu, o diabo. Cuidado comigo!” Não. Satanás é muito esperto. Sua aparência é a de um amigo, conselheiro, ajudador. Mas na realidade é um leão que ruge, procurando alguém para devorar.
Em Mateus 4, onde encontramos a história da tentação de Jesus, Satanás aparece disfarçado, fingindo ser amigo de Jesus, mas querendo levá-lo para o mal. Nos três assaltos o diabo visa a mesma coisa: impedir, logo de início, a obra redentora de Jesus. Entretanto, Jesus o desmascarou. Chamou-o pelo nome certo, Satanás, e nos deu um exemplo maravilhoso de como resistir à tentação.
As três maneiras nas quais Satanás apareceu a Jesus nos mostra claramente como o diabo é fingido. Imediatamente depois do seu batismo, o Espírito Santo levou Jesus para o deserto da Judéia. Depois de ficar 40 dias sem comer nada, Jesus foi tentado pelo diabo.
Na primeira tentação Satanás utilizou um forte instinto do homem: a fome, o apetite. Com esta tática o pai da mentira já tivera sucesso no Éden. E ele resolveu tentar de novo com a mesma linha de ataque.
Sabemos que a fome transforma o homem numa fera selvagem. O homem faminto é perigoso, pois perde o seu controle. Só pensa em satisfazer uma de suas necessidades fundamentais para sobreviver. E lemos que Jesus estava de jejum 40 dias.
Satanás se aproxima de Jesus e lhe sugere: “Por que sofrer? Você não é o Filho de Deus?” A seguir quer fazer com que Jesus lhe obedeça, mandando transformar as pedras do deserto em pães para matar a sua fome.
Enfim, a necessidade era grande e o remédio era possível. Satanás amarrou a isca ao redor do anzol e jogou para Jesus. Mas a tentação que deu certo no jardim do Éden, não deu certo com Jesus, que logo respondeu: “Está escrito: Não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que procede da boca de Deus”.
Eis o método para vencer as tentações: usar a Bíblia, as Sagradas Escrituras. Jesus anulou o diabo com o “Está escrito”, e o tentador estava derrotado na sua primeira ofensiva.
Alimento para o corpo é muito importante, é vital para a nossa existência. Mas temos também uma alma. O corpo morre e é enterrado, apodrece. A alma é imortal, não é enterrado e nem apodrece. O alimento para a nossa alma é a Palavra de Deus. Jesus é o pão da nossa vida espiritual.
Nós devíamos saber usar as Escrituras como Jesus a soube usar. Devemos conhecer o manejo desta espada do Espírito, que é a Palavra de Deus, pois só assim podemos nos defender dos ataques de Satanás.
Sobre a segunda tentação nos relata o texto: “Então o diabo o levou à cidade santa, colocou-o no pináculo do templo. E lhe disse: Se és Filho de Deus, atira-te abaixo, porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te guardem, eles te sustentarão em suas mãos para não tropeçares alguma pedra”.
O diabo convida Jesus a pular lá do alto da torre do templo para testar a proteção de Deus. E como Jesus tinha citado as Escrituras em resposta à primeira tentativa satânica, o diabo também cita as Escrituras. Mas a usa mal, pois só cita uma parte do versículo. Omitiu que Deus nos protege em todos os seus caminhos.
Deus nos promete proteção, mas nos caminhos do dever e da responsabilidade. E não em caminhos falsos, em caminhos que só tomamos para desafiá-lo e o tentar.
Quem torce o sentido da Palavra de Deus e a usa mal, mostra que teve aulas na escola de Satanás. Hoje não faltam estes falsos profetas, pessoas que distorcem o sentido das Escrituras e citam mal a Bíblia.
Mas Jesus lança o contra-ataque com as Escrituras, citando-as corretamente: “Está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus”.
Confiar na proteção de Deus não significa que podemos brincar com a nossa vida, colocando-a em perigo sem necessidade.
Daí vem a terceira tentação. Satanás já perdeu duas batalhas. Mas ele não desanima, insiste de novo. E desta vez ele mostra o seu descaramento. Ele tem a ousadia de oferecer ao Filho de Deus, o criador dos céus e da terra, a posse, a propriedade do mundo, caso Jesus se prostrasse diante dele e o adorasse.
O prostrar-se diante de uma pessoa era a maneira de reconhecer que essa pessoa era superior a ela e que lhe devia obediência. Mas Jesus contra-ataca novamente, dizendo: “Retira-te, Satanás,
“Retira-te, Satanás!” São duas palavras que nós devemos memorizar e estar sempre prontos a usar. É como se disséssemos: “Arreda! Sai da minha frente, Satanás!”.
E pela terceira vez Jesus usa a arma do Espírito, e diz: “Está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás e só a ele darás culto!”.
O evangelista Mateus conclui o seu relato, dizendo: “Com isso o deixou o diabo e eis que vieram anjos e o serviam”. Derrotado, o diabo se retira. E Jesus, após esses combates, é saciado e confortado pelos anjos de Deus.
Estes mesmos anjos nos confortarão, nos servirão e nos protegerão se permanecermos firmes na hora da tentação. Diz a Palavra de Deus: “O anjo do Senhor se acampa ao redor dos que o temem, e os livra”.
Jesus foi tentado como nós somos tentados e não caiu. Ele é, portanto, poderoso e pode nos ajudar quando somos tentados. Jesus nos abriu o caminho triunfante para o céu. Ele não pecou. Satisfez a exigência da justiça divina e assim salvou o mundo.
Satanás não pára. Tentou a Jesus e tenta os homens ainda hoje. Trabalha dia e noite para nos desviar dos caminhos de Deus.
Ele, por exemplo, nos tenta nos negócios. Sugere-nos maneiras desonestas para aumentar a nossa renda. Ele nos diz: “Todo mundo faz isso, por que você não faz também? Fazendo assim você se enriquece depressa?”
Assim o diabo age, disfarçado, fingido, trabalhando na nossa mente. Ele nos quer levar ao roubo, á desonestidade. Façamos nessa hora como Jesus, dizendo: “Retira-te, Satanás! Porque está escrito: Nem só de pão viverá o homem. E, o que adiante ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?”.
Quando temos problemas na vida, passando por momentos difíceis, o diabo nos atiça a afogar as nossas mágoas na bebida, nas drogas e nas diversões mundanas. Nesta hora devemos dizer-lhe: “Retira-te, Satanás, porque está escrito: Não sabeis que o vosso corpo é santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?”
Quando alguma pessoa fala mal de nós, fazendo-se de inimigo, ele diz: “Mas você, como você é medroso! Por que você não mostra o que você é e se vinga daquele sujeito?”
Nessa hora devemos imitar a Jesus e dizer: “Retira-te, Satanás, porque está escrito: Quem odiar a seu irmão é assassino, e todo assassino não tem vida permanente em si mesmo. E, amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem”.
Aos jovens ele diz: “Por que você ainda se mantém puro? Existem tantas maneiras de evitar. E, caso der algum problema, você se casa ou pratica o aborto. É bom conhecer antes, fazer experiência!”. E assim o diabo leva os jovens a pisotear a pureza e a castidade.
Nesta hora é preciso agir como Jesus e dizer: “Retira-te, Satanás, porque está escrito: Não cometerás adultério. Fugi da impureza. Como cometeria eu tamanha maldade e pecaria contra Deus?”
Quando chega a hora do culto, o diabo diz: “Por que ir à igreja? Não precisa ir sempre. Aproveite o fim de semana para se divertir. Pode ficar em casa algumas vezes, que Deus vai entender você”.
E nós então, nessa hora, quando somos tentados para não ir ao culto, devemos fazer como Jesus, usar a Bíblia e dizer: “Retira-te, Satanás, porque está escrito: Não deixemos de nos congregar, como é costume de alguns. Pois, quem é de Deus ouve a Palavra de Deus”.
Estas são algumas das tentações de Satanás, estas são algumas maneiras dele nos afastar de Deus, levando-nos ao pecado. Quantas vezes já fomos vencidos, deixando-nos levar pelas sugestões do diabo.
Porém, agora que conhecemos os seus ataques, queremos tomar a decisão de não mais dar ouvidos a voz do tentador, mas resistir-lhe corajosamente todas as vezes que ele nos vier tentar.
Para isso precisamos estar em íntima comunhão com Deus, lendo e ouvindo a sua Palavra, participando do santo sacramento e vivendo uma vida de oração.
E, se assim fizermos, podemos ter a certeza de que não seremos vencidos, mas vencedores. Pois os anjos de Deus que vieram servir a Jesus, estarão também a nossa disposição para nos ajudar.
 Lindolfo Pieper
Jaru, RO, Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil

quarta-feira, 2 de março de 2011

UMA EXPERIÊNCIA INESQUECÍVEL


Numa certa cidade do interior vivia uma menina que nasceu cega e nunca tivera a oportunidade de ver as belezas do mundo. Um dia os seus pais descobriram que, por meio de uma cirurgia, era possível restaurar a visão dela.
Após a operação, os seus olhos continuaram vedados por algum tempo; depois ela foi mantida em um quarto escuro. Finalmente, numa noite estrelada, levaram a menina para fora, para que ela pudesse pela primeira vez admirar a beleza da natureza.
Ao ver as estrelas e a lua em toda a sua beleza, ela perguntou: “Mamãe, estamos no céu?” “Não, esta é a terra e esse é o espaço celeste que está sobre nós”, respondeu a mãe. “Por que você não me disse que tudo era tão maravilhoso?” perguntou a menina. “Eu tentei fazê-lo, filha, mas nunca encontrei as palavras adequadas para descrevê-lo”. E a menina então concluiu dizendo: “Se este lado do céu já é tão lindo, como não será mais lindo ainda o outro lado!”
Muitas vezes ficamos pensando como é o céu. Deus o descreve na Bíblia Sagrada. A sua descrição não é completa, mas é o suficiente para nos encher de expectativa de um dia poder chegar lá. É um lugar sem tristeza, sem sofrimento nem luto e dor, onde os seus habitantes viverão para sempre.
Quando analisamos esta vida, não podemos deixar de pensar no mundo que há de vir. Parece impossível que possa ser mais maravilhoso que este mundo. Quando de noite olhamos para o céu estrelado, somos levados a dizer como a menina: “Se este lado do céu já é tão lindo, como não será mais lindo ainda o outro lado!”
Certa vez Jesus subiu a um monte muito alto, levando consigo três discípulos: Pedro, Tiago e João. Quando estavam no topo do monte, o rosto de Jesus se transfigurou e as suas vestes começaram a brilhar como o sol, e apareceram ao seu lado duas pessoas: Moisés e Elias. O ambiente ali ficou tão agradável que os discípulos exclamaram maravilhados: “Mestre, bom é estarmos aqui, e que façamos três tendas: uma será tua, outra para Moisés e outra para Elias”. A seguir veio uma nuvem que os envolveu, e dela saiu uma voz que dizia: “Este é o meu Filho amado: a ele ouvi” (Mateus 17.1-5).
Ano após ano este trecho do Evangelho é lido na igreja entre o período da Epifania e Quaresma. Por que se faz essa leitura? Qual o seu significado? Por que se deu essa transfiguração? Jesus se transfigurou no monte Hermon, basicamente, com três objetivos:
Primeiro: mostrar aos seus discípulos que a sua morte na cruz, embora vergonhosa, era necessária e, que, depois da humilhação viria a exaltação.
Os discípulos não podiam entender porque Jesus tinha que morrer na cruz. Pedro, quando soube da parte de Jesus que ele ia se entregar à morte, começou a repreendê-lo, dizendo que isso era uma loucura, que uma coisa dessa não podia acontecer. O problema todo é que eles não podiam acreditar que Jesus seria capaz de sair da sepultura, de voltar a viver.
Na transfiguração Jesus quis lhes mostrar o que seria depois da morte, como ele ficaria: depois da morte ele receberia um corpo glorioso e estaria na glória com Moisés e Elias, exaltado para sempre.
A morte de Cristo na cruz, o modo como isso se deu, foi uma cena chocante: ele foi escarnecido, zombado e cuspido. Ele foi morto como um criminoso. Embora os discípulos na hora da morte tivessem se escandalizado, a transfiguração de Jesus, no entanto, mais tarde os ajudou a entender o mistério da cruz.
O apóstolo Pedro, na sua segunda carta, capítulo 1, versículo 16, fala desse episódio e destaca a sua importância. Diz ele: “Ora, esta voz vinda do céu nós a ouvimos quando estávamos com ele no monte santo”. E então ele chama a atenção para este fato consolador: “Temos assim tanto mais confirmada a palavra profética e fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que um dia clareia e a Estrela da alva nasça em nossos corações”.
A transfiguração de Jesus serviu para mostrar aos discípulos que depois da luta vem a recompensa, que depois da cruz vem a coroa.
Essa é uma lição que podemos tirar para nós hoje na nossa vida espiritual. Às vezes pensamos que não vale mais a pena lutar, que tudo está perdido. Quando acontece uma coisa triste na nossa vida, ficamos frustrados, perdemos a vontade de viver.
Nessas horas devemos nos lembrar que os sofrimentos, as lutas e as tristezas um dia acabam. Que depois dessa vida vem outra, que depois da luta vem a vitória.
Em segundo lugar: a transfiguração de Jesus nos quer mostrar que Cristo é o mediador da nova aliança, de que devemos ouvir a ele e não mais a Moisés.
Não foi por acaso que apareceu na transfiguração, com Jesus, Moisés e Elias. Moisés representava a lei e Elias os profetas, ou seja: juntos representavam o Antigo Testamento.
Quando aquela voz do céu disse que devemos ouvir a Jesus, queria com isso dizer que com Jesus se inicia uma nova era, ficando para trás a antiga; que a antiga aliança deu lugar a nova aliança. Lemos em Hebreus, capítulo 8, versículos 6 e 13: “Agora, com efeito obteve Jesus ministério tanto mais excelente quanto é ele também mediador de superior aliança. Quando ele diz Nova torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se tornou antiquado e envelhecido, está prestes a desaparecer”. E o próprio Jesus diz em Lucas capítulo 16, versículo 16: “A lei e os profetas vigoraram até João; desde esse tempo vem sendo anunciado o evangelho do reino de Deus”.
Isso é muito importante para compreendermos a Bíblia. Isso nos ajuda a entender porque guardamos algumas leis que estão no Antigo Testamento e outras não. Porque, por exemplo, não guardamos mais o sábado, não praticamos a circuncisão, não fazemos abstinência de certos alimentos e nem mais sacrificamos animais sobre o altar. É que essas leis fazem parte do Antigo Testamento, dadas por Moisés, e não foram repetidas no Novo Testamento.
Algumas igrejas fazem uma confusão muito grande com a Bíblia, guardando algumas coisas que estão no Antigo Testamento e outras não. Isso acontece porque essas igrejas não têm um critério definido para interpretar a Bíblia, é porque elas não fazem diferença entre a antiga aliança e a nova aliança. Continuam ainda a ouvir a Moisés em lugar de ouvir a Cristo.
Em terceiro lugar: a transfiguração de Jesus nos quer mostrar o que é estar com Jesus no céu, na outra vida.
Na transfiguração Jesus permitiu que os discípulos sentissem um pouco o que é estar com ele no céu, no reino da glória. E eles se sentiram tão bem naquele lugar que não queriam mais sair de lá, mas ficar para sempre com ele no monte. Eles ficaram tão maravilhados, que exclamaram: “Mestre, bom é estarmos aqui e que façamos três tendas: uma será tua, outra para Moisés e outra para Elias”.
Essa experiência mais tarde os ajudou a enfrentar as perseguições e mesmo a morrer pelo nome de Jesus. Eles sabiam que depois desta vida há um lugar maravilhoso para cada um. Um lugar tão maravilhoso que nos pode fazer esquecer os sofrimentos daqui da terra.
Muita gente pergunta como que é que vai ser o céu: será que vai haver preocupações, será que vamos nos lembrar dos parentes que ficaram para trás – enfim: como é que vamos nos sentir lá?
O céu é um lugar tão lindo e maravilhoso que não dá para descrevê-lo. Para se saber o que é o céu é preciso experimentá-lo. Diz o apóstolo Paulo: “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam” (1 Coríntios 2.9).
A Bíblia às vezes descreve o céu usando figuras. Uma hora o compara com uma festa de casamento, outra hora como um jardim florido, e outra hora ainda como uma cidade toda enfeitada de ouro. O casamento é um lugar onde se alegra, o jardim é um lugar onde se diverte e a cidade é o lugar onde se encontra de tudo.
Assim é o céu: um lugar de alegria, de divertimento e de muito conforto – um lugar em que não falta nada.
Quem uma vez está no céu não quer sair de lá, se esquece de tudo: da terra, com os seus prazeres; das preocupações do mundo e da própria família.
Todos já devem ter ouvido histórias em que uma pessoa morreu, mas que os familiares tanta gritaram que ela voltou. Depois ela reclamou, dizendo: “Por que vocês fizeram isso comigo? Eu estava tão bem, lá tudo era tão bom!...”.
Foi isso que Pedro, Tiago e João experimentaram. É isso que estão experimentando os que agora estão lá. É o que nós vamos experimentar depois que deixarmos esta vida.
Foi, pois, com razão que Jesus se transfigurou diante dos seus discípulos. Ela foi importante para eles e é importante para nós.
Vamos, pois, nos lembrar sempre, especialmente nas horas difíceis da vida, que depois desta vida de sofrimento e lutas há um lugar de alegrias e gozo eterno. Para isso, porém, precisamos aprender a ouvir a Jesus.

Lindolfo Pieper
Jaru, RO, Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil

domingo, 16 de janeiro de 2011

EPIFANIA, TEMPO DE TESTEMUNHAR O EVANGELHO


Quando, em 490 AC, na grande batalha de Maratona, os gregos venceram os persas, o general Milcíades enviou um mensageiro para Atenas, o qual, antes de cair exausto no chão, exclamou: “Cidadãos de Atenas: Evangelho! Os persas estão derrotados, a Grécia venceu!” E o povo, em delírio, festejou a vitória.
Entre os gregos usava-se a palavra “evangelho” para anunciar ao povo uma vitória esportiva ou militar. Quando, em Corinto, se realizavam as grandes competições esportivas, o juiz anunciava: “Evangelho, Ataferxes ganhou a corrida!”, e o povo vibrava em alegrias.
Evangelho é a boa nova de grande alegria. Deus enviou o Príncipe da Paz ao mundo para triunfar sobre o pecado, a morte e Satanás. Cristo é o vitorioso. É o Salvador. Nós somos salvos. Esta é a boa nova, o Evangelho que produz alegria. Alegria que expulsa das profundezas do coração o temor, o medo, a angústia e a tristeza.
Todos podem e devem exultar porque o Evangelho, que traz graça, amor, perdão, vida e salvação, está sendo anunciado. Porque o povo que andava nas trevas viu uma grande luz, e aos que viviam na região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade.
Estamos iniciando o período da Epifania. Epifania é o período que fica entre Natal e Quaresma. No original grego epifania significa revelação, aparecimento ou manifestação; pois foi nesta ocasião que o Salvador Jesus foi anunciado pela primeira vez aos gentios, na pessoa dos magos do Oriente.
Deus não enviou Jesus ao mundo para salvar apenas algumas pessoas. O nascimento de Jesus foi para todo mundo. Por isso, tão logo Jesus nasceu, Deus tomou providências para que este acontecimento chegasse aos ouvidos de todos.
As primeiras pessoas que foram avisadas do nascimento de Jesus foram os pastores de Belém. Pastores eram pessoas simples, que passavam o dia e a noite cuidando das ovelhas.
E eis que numa noite estrelada, enquanto estavam no campo cuidando das ovelhas, recebem a visita de um anjo. Eles ficam muito assustados. Mas o anjo lhes diz: “Não temais: eis aqui vos trago boas novas de grande alegria, que será para todo povo. É que hoje vos nasceu na cidade de Davi o Salvador, que é Cristo o Senhor” (Lucas 2.10,11).
Os pastores fizeram conforme o anjo lhes disse. Eles foram até Belém, encontraram o menino, envolto em faixas e deitado numa manjedoura. Depois voltaram para casa anunciando a todos o que tinham visto e ouvido.
Depois foi a vez dos magos ouvirem falar de Jesus. Magos eram pessoas da classe alta, que tinham grandes conhecimentos, tanto do mundo secular como espiritual.
Esses magos ficaram sabendo do nascimento de Jesus através de uma estrela. Uma noite, quando eles estavam observando o céu, viram uma estrela com uma cauda comprida se movimentando. Como eles eram curiosos e conheciam alguma coisa sobre os astros e da vinda do Messias, resolveram acompanhar a estrela.
Depois de muitos dias, de uma longa e difícil caminhada, eles chegam em Belém. Lá a estrela pára em cima de uma casa. Eles entram na casa e encontram Maria e José com o menino Jesus. Eles o adoram, lhe oferecem presentes e depois voltam para casa cheios de alegria, na certeza de haverem encontrado o Messias prometido.
Mais tarde o próprio Jesus se encarrega de anunciar a sua chegada ao mundo. Jesus, depois de percorrer vilas e cidades, vales e montes, prepara doze pessoas, que são os apóstolos, para irem por todo mundo pregar o Evangelho, a fim de que todos ficassem sabendo da sua vinda ao mundo.
E os apóstolos não mediram esforços. Conforme a ordem de Jesus, eles foram por toda parte anunciando a chegada do Salvador. O seu trabalho foi tão intenso que já no ano 300 todo o Império Romano foi evangelizado, a ponto do próprio imperador Constantino o Grande se converter a Cristo (312).
Houve, no entanto, uma época em que os homens pouco ou nada sabiam de Jesus. Foi na Idade Média, o período que antecedeu a Reforma. É que a igreja se desviou da verdade e, em lugar de anunciar a Cristo, pregava outras coisas, como a salvação através das obras. A adoração aos santos e imagens tomou o lugar de Jesus.
Porém Deus, que não abandona a sua igreja, mas faz questão que todos ouçam falar de Jesus, preparou Lutero. Este, como o mensageiro de Deus, fez com que o Evangelho fosse novamente anunciado em toda a sua pureza e que Jesus fosse proclamado como o único e suficiente Salvador da humanidade.
Hoje Deus dispõe de muitos meios para pregar o Evangelho, a fim de anunciar o Messias que já veio. Hoje as pessoas podem ouvir falar de Jesus na igreja, pelo rádio, pela televisão e nos mais diversos outros meios de comunicação. Em toda parte do mundo, de uma ou de outra forma, está sendo anunciado o Evangelho de Cristo.
E como essa boa nova, o Evangelho de Jesus Cristo, veio até nós? Será que aqui sempre existiu uma igreja cristã? Será que quando o Brasil foi descoberto, a Igreja Luterana já existia por aqui?
Não. O Evangelho da salvação veio para o Brasil através da Igreja Luterana no ano de 1904, 400 anos depois do seu descobrimento.
Os irmãos americanos, cheios de zelo e fervor missionário, sabendo que aqui no Brasil havia muita gente que não conhecia a Jesus, resolveram enviar alguns missionários para cá.
Esses missionários, que não sabiam falar o português, procuraram primeiro as pessoas que conheciam a sua língua, o alemão. Por isso a Igreja Luterana até bem pouco tempo atrás era uma igreja de alemães, pois era a língua que os pastores melhor conheciam.
Hoje, com um seminário funcionando dentro de uma universidade (Seminário Concórdia/Ulbra), com professores que conhecem bem a língua portuguesa, a nossa igreja já está em toda parte, do Norte ao Sul. Hoje todas as capitais do Brasil têm pastores da nossa igreja, anunciando a Jesus como o Salvador de todos os homens.
Isso quer dizer que Epifania também se tornou realidade aqui no Brasil, pois também aqui no Brasil Jesus está sendo anunciado para todo mundo.
Mas, por que Deus faz tanta questão que todos conheçam a Jesus? Por que tanto esforço e sacrifício na divulgação do evangelho? Por que tanta preocupação com a pregação da palavra de Deus?
A resposta nós a encontramos em Romanos, capítulo 10, versículos 13, 14 e 17: “Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, porém, invocarão aquele de quem nada ouviram? E como ouvirão se não há quem pregue? Pois a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo”.
De acordo com a Bíblia, só há uma maneira de uma pessoa ser salva: crer em Jesus. Diz ela: “Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado” (Marcos 15.16).
Assim como há uma só maneira de uma pessoa ser salva, também só há uma maneira da pessoa chegar à fé, que é através da palavra de Deus. “A fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo”, diz a Escritura.
Isso é muito fácil de entender: se é preciso crer em Jesus para ser salvo, então também é preciso conhecer esse Jesus, pois como pode uma pessoa crer em alguém que nunca ouviu falar dele?
Vamos usar como exemplo um índio lá no mato. Como é que esse índio pode crer em Jesus se nunca ouviu falar nele? E o que acontece então? Como ele não conhece a Jesus, ele não pode crer nele. E, como não pode crer nele, ele está perdido, pois “quem não crer será condenado, diz a Bíblia.
Isso preocupa a igreja. Isso entristece a Deus. Por isso Deus faz tanta questão que se anuncie o Evangelho em toda parte. Por isso a igreja investe tanto dinheiro na pregação do Evangelho, a fim de que todos conheçam a Jesus e sejam salvos.
Você está entendendo isso? Você está compreendendo agora o esforço da igreja?
Se você está compreendendo, o que você irá fazer da sua parte para que o Evangelho chegue a todo mundo? Vai dar mais testemunho de sua fé? Vai contribuir mais para a obra da missão?
Lembre-se: a responsabilidade é de nós todos. Cada um de nós deve assumir a sua parte, pois é de nós que depende a salvação do próximo.
Vamos nós, nesta época de Epifania, bem como em todos os dias da nossa vida, falar de Cristo aos outros, dar testemunho de nossa fé e ajudar a igreja na obra da missão, a fim de que mais e mais pessoas possam conhecer a Jesus. E conhecendo a Jesus, possam crer. E crendo, sejam salvos.

Lindolfo Pieper
Jaru, RO – Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil


sábado, 1 de janeiro de 2011

O CRISTÃO NO ANO NOVO


Existe uma lenda que conta a história de um gigante que era capaz de carregar o mundo nas costas. O nome dele é Atlas. Atlas, segundo a lenda, era capaz de pegar o mundo com as mãos e colocá-lo no ombro e o sair carregando.
Antigamente, especialmente os gregos, achavam que os gigantes de fato existiam e que tinham muita força. Hoje, porém, se sabe que os gigantes mitológicos nunca existiram e que homem algum é capaz de carregar o mundo nas costas.
Mas há alguém, que mesmo não sendo gigante, que é capaz de carregar o mundo. Esse alguém é Deus. Diz Jesus: “Todo o poder me foi dado, no céu e na terra. Eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mateus 28.18,20).
Deus consegue carregar o mundo nas costas porque ele é todo-poderoso. Para ele não há nada impossível. Ele tem todo o poder, no céu e na terra.
Deus não apenas criou o mundo, mas ainda o sustenta e guarda. O Dr. Martinho Lutero, depois de dizer que Deus Pai é todo-poderoso, conclui dizendo: “Creio que Deus me criou a mim e a todas as criaturas, me deu corpo e alma, olhos, ouvidos e todos os membros, razão e todos os sentidos, e ainda os conserva. Além disso, me dá vestes, calçados, comida e bebida, casa e lar, esposa e filhos, campos, gados e todos os bens. Supre-me abundante e diariamente de todo o necessário para o corpo e para a alma, protege-me contra todos os perigos e me guarda de todo o mal”.
Parece que todo mundo sabe disso. Só que na hora do aperto e do perigo, muitos se esquecem dessa verdade. Em vez de confiar em Deus, se desesperam e correm atrás de recursos humanos.
É por isso que se vê tantas pessoas correndo atrás de horóscopos, macumba e feitiçaria. Outras ainda enchem o terreiro com ferradura velha, cabeça de boi e amuletos. Será que isso é confiar em Deus?
Segundo o Primeiro Mandamento, o dever do cristão é confiar em Deus acima de todas as coisas. É acreditar mais em Deus do que em médico, do que no dinheiro, do que nos bens terrenos e nos recursos humanos. É não se desesperar diante das dificuldades, mas confiar em Deus sempre.
Acabamos de iniciar mais um ano. Sempre quando se inicia um ano, surgem muitas perguntas. Queremos saber o que será do novo ano.
Ninguém sabe. Ninguém sabe o que será do novo ano. Só sabemos uma coisa: o mesmo Deus que nos guardou durante o ano passado, estará conosco também nesse novo ano, nos guardando e protegendo contra todos os males e perigos.
Deus estará conosco nos momentos bons, no convívio da família, no nosso lazer e no nosso dia-a-dia. Ele será o nosso bom Pastor, aquele que nos conduz aos pastos verdejantes. Ele será o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações. Ele será o nosso esconderijo, cuja sombra nos protege. Enfim, ele será o nosso fiel guardador, aquele que não dormita e nem dorme, mas vela sobre nós de dia e de noite.
Deus estará conosco também nos momentos difíceis, quando passamos por doenças, quando estamos em perigo ou quando a pobreza nos aperta.
Nas horas de angústias podemos invocá-lo, que ele nos livra. Podemos elevar os nossos olhos para o alto, que ele nos socorre. Podemos invocá-lo, que ele nos ouve.
Por isso não devemos temer o mal, ainda que andemos pelo vale da sombra da morte. Ainda que as águas tumultuem e espumejem e os montes estremeçam. Ainda que a peste se propague nas trevas e a mortalidade assole ao meio dia, pois o Senhor está conosco.
E quando as dificuldades forem tantas e a dor for tão grande, que não mais a podemos suportar, fazendo a nossa alma sair do corpo, então temos ainda a certeza: de habitar na casa do Senhor para todo o sempre.
É isso que Deus nos promete e garante. O que ele espera de nós? Deus espera de nós apenas duas coisas: Primeiro: que confiemos nele. Segundo: que andemos de acordo com a sua vontade.
Quando chega o fim do ano, além de outras coisas, muitas pessoas aproveitam a ocasião para limpar a gaveta e fazer uma faxina na casa.
Assim é também com vida cristã. É preciso que, de vez em quando, façamos uma limpeza, uma faxina na nossa vida espiritual. É preciso que joguemos na lata de lixo tudo aquilo que é pecaminoso, que é impuro e que não presta. E nada melhor para fazer isso do que aproveitar a virada do ano.
Muitas pessoas, mesmo se dizendo cristãs, se comportaram como verdadeiros pagãos durante o ano que passou: praticaram adultério, se embriagaram, freqüentaram lugares indecentes, cometeram desonestidade; envergonhando a igreja e a família com a sua atitude.
Muitas pessoas, desprezando a Palavra de Deus, andaram atrás das coisas do mundo. O rádio, a televisão e as diversões mundanas ocuparam de tal maneira a sua mente que não tiveram tempo para ler a Bíblia, buscar a Deus em oração e freqüentar os trabalhos da igreja.
Convido as pessoas que fizeram isso, que passem uma vassoura ou uma borracha nisso tudo e que iniciem uma nova vida. Que se ajoelhem diante de Deus e lhe peçam perdão pelo que fizeram. E Deus, com toda a certeza, lhes dará uma nova oportunidade.
O ano velho passou. Assim como o ano, também passam as nossas ilusões. Podemos ter muito estudo, grandes riquezas e ocupar alta posição social. Mas tudo isso é transitório e passageiro.
Só há uma coisa que não passa, que dura para sempre: as coisas de Deus. Diz o apóstolo João: “Não ameis o mundo e nem as coisas que há no mundo. O mundo passa, bem como os seus desejos. Aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece para sempre” (1 João 2.15-17).
Por isso, tiremos tempo para ler a Bíblia e para ir à igreja. Deus quer e promete estar do nosso lado sempre. Mas ele espera que também aprendamos a ficar do lado dele, lendo e meditando na sua Palavra.

Lindolfo Pieper
Jaru, RO – Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil


DEUS E OS NOSSOS PLANOS

Um dia, num lugar muito bonito, onde havia árvores, flores e um lindo lago, numa das árvores surgiu um casulo. Quando ele se rompeu, de dentro saiu voando uma linda mariposa.
A borboleta ficou tão encantada com o lugar, que voou para cada pedacinho daquele novo mundo, brincou nas flores, no alto de uma colina, no lago e nas nuvens. Quando ela já tinha conhecido tudo, avistou uma casa.
Curiosa, destinada a conhecer tudo o que a vida lhe oferecia, a mariposa voou até aquela casa, entrou por uma janela e foi até a cozinha. De repente, ela viu sobre a mesa uma tigela cheia de sopa, parecida com manjar. Pensando que fosse nuvens, mergulhou naquela sopa, ficando toda lambuzada. E quanto mais ela se mexia, tentando escapar, mais ela afundava.
A borboleta então começou a rezar, pedindo que Deus a libertasse, prometendo, que se conseguisse sair dali, dedicar o resto de sua vida a ajudar o seu semelhante.
Enquanto esperneava, apareceu na cozinha o dono da casa. Olhou para dentro da tigela e viu a mariposa. Pegou-a pelas asas e a atirou pela janela.
A mariposa então se arrastou para um pedacinho de grama, começou a se limpar. Quando se viu liberta, lembrou-se da promessa que havia feito a Deus de dedicar o resto de sua vida a ajudar os outros insetos voadores. Mas estava tão cansada, que orou prometendo cumprir a sua promessa a partir de amanhã.
E a mariposa adormeceu. Mas, o que ela não sabia, e você talvez também não sabe, é que as mariposas vivem apenas um dia. E, naquele pedacinho de grama, a mariposa adormeceu, e nunca mais acordou.
Muitas pessoas, a semelhança dessa mariposa, fazem grandes planos e muitas promessas. Mas elas se esquecem de que a sua vida é passageira e de que a qualquer momento poderão morrer. Diz o salmista no Salmo 90 que “os dias da nossa vida são como o sonho, que não dura mais que uma hora; são como a flor do campo, que brota de manhã, e à tarde murcha e seca”.
Os dias da nossa vida, como a do velho Simeão, que pegou Jesus no colo, podem chegar até aos noventa anos. Mas neste caso, a maior parte deles á canseira e enfado, pois tudo passa rapidamente e nós voamos.
Por isso a Palavra Deus nos orienta a incluir sempre a Deus em nossa vida, que, toda vez que fizermos algum plano, sempre digamos: “Se Deus quiser, farei isso ou aquilo”. Diz o apóstolo Tiago: “Agora escutem, vocês que dizem: Hoje ou amanhã iremos a tal cidade e ali ficaremos fazendo negócios e ganhando muito dinheiro! Vocês não sabem como será a sua vida amanhã, pois vocês são apenas como uma neblina passageira, que aparece por algum tempo e logo depois desaparece. O que vocês deveriam dizer é isto: Se Deus quiser, estaremos vivos e faremos isso ou aquilo” (Tiago 4.13-15).
Pois a vida não termina com a morte, mas com a morte começa uma nova etapa: ou com Deus no céu, ou com o diabo no inferno. É por esse motivo que o salmista, depois de dizer que os nossos dias são breves, ele ora a Deus, dizendo: “Senhor, ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos corações sábios”. Lutero traduziu assim este versículo: “Senhor, ensina-nos a lembrar que vamos morrer, a fim de nos tornarmos sábios”. 
A grande pergunta é: “Qual é esta sabedoria da qual fala o salmista, e que salva o ser humano da morte eterna?”
Esta sabedoria não consiste em ajuntar riquezas, casas, bens ou outros bens materiais. Pois eles nada nos poderão valer na hora da morte.
Aquele rico da história que Jesus contou em Lucas 16, que se vestia de púrpura e linho finíssimo e que se regalava esplendidamente, foi na hora da morte para o inferno, apesar de toda a sua riqueza.
E aquele outro rico, do qual fala Jesus em Lucas 12, cujos campos tinham produzido em abundância, e que disse a sua alma: “Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos: descansa, come, bebe e regala-te”. Para aquele homem Deus disse: “Louco, esta noite te pedirão a tua alma, e o que tens preparado, para quem será?”
Esta sabedoria que salva o ser humano da morte eterna também não consiste em freqüentar universidade e adquirir muita sabedoria humana. Tudo isso nada nos adiantará na hora da morte.
A única sabedoria que nos salva da ira de Deus e da morte eterna é a que o apóstolo Paulo recomenda ao carcereiro de Filipos, quando disse: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e a tua casa” (Atos 16.31).
Esta sabedoria consiste na confiança absoluta nas palavras das Sagradas Escrituras, que diz: “Certamente ele (Jesus) tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si. O castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Isaías 53.4,5).
É a sabedoria que confessamos com o poeta cristão: “Corre uma fonte divinal de sangue do Senhor. Ali terá perdão real o pobre pecador. //Eu nessa fonte banharei meu negro coração. Junto a Jesus então terei completa redenção”.
Se assim achamos em Cristo o perdão de nossos pecados, então temos paz de coração, segurança e tranqüilidade, podendo dizer como o velho Simeão: “Agora, Senhor, despede em paz o teu servo, porque os meus olhos já viram a tua salvação, a qual preparaste para todos os povos: luz para revelação dos gentios e para a glória do teu povo Israel” (Lucas 2.29-32).
Pode você dizer o mesmo? Está você preparado para a morte? Se você morresse hoje, estaria você preparado?
Num dos cemitérios de Brasília há uma catacumba, cuja inscrição chama a atenção de todos os que passam por ela. Em cima está escrito: “Ó tu mortal, que vais passando, tu eras como eu era e serás como eu sou!”
Hoje estamos vivos, amanhã podemos estar mortos. Hoje podemos ver ou até levar uma pessoa para o cemitério, amanhã podemos ser nós que estamos sendo levados para lá. Por isso diz o profeta Amós: “Prepara-te para te encontrar com o teu Deus” (Amós 4.4).
Quem está preparado para se encontrar com Deus, também está preparado para enfrentar a morte: hoje, amanhã, neste ano, no ano que vem – ou daqui a 60 ou 80 anos.
Incluamos, pois, Deus em todos os nossos planos, a fim de que não sejamos surpreendidos pela morte totalmente desprevenidos, como aquela borboleta; mas sim, preparados e confiantes na graça do Senhor Jesus, como o velho Simeão.

Lindolfo Pieper
Jaru, RO – Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil